sábado, 21 de julho de 2018

EDUCAÇÃO AMBIENTAL : Conceito e Processo Histórico.


EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.  CONCEITO
A Educação Ambiental segundo Carvalho (2006, p. 71), “é considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos Naturais, assim como ao seu esgotamento, e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas”.
O tema Educação Ambiental é muito discutido atualmente porque a sociedade sabe da necessidade de uma melhoria do mundo em que vivemos, pois é facilmente notado que estamos regredindo cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, nos deixando levar por nossas obrigações diárias. Nosso tempo nos parece cada vez mais curto porque temos cada vez mais compromissos (Guedes, 2006).
            Recentemente é possível observar uma melhora na conscientização de todos, principalmente dos órgãos públicos com a fiscalização para a diminuição de poluentes emitidos, pois com o crescimento da população mundial, aumenta também o número de poluidores caso não sejam orientados da maneira certa. (Yus, 2002).
            Conforme destacam os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (Brasil, 1997a, p. 25):
 [...] Eleger a cidadania como eixo vertebrado da educação escolar implica colocar-se explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e as decisões que os favoreçam. Isto refere-se a valores, mas também a conhecimentos que permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. Uma pergunta deve ser então respondida: as áreas convencionais classicamente ministradas pela escola, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, não são suficientes para alcançar esse fim? A resposta é negativa.

           
A questão central está relacionada à complexidade do que se entende por transversalidade e como se dá tal procedimento. Campiani (2001, p. 52) afirma que ainda é pouco clara a definição do conceito de transversalidade, suas implantações nas práticas pedagógicas precisam ser elucidadas.
Seguindo o pensamento de Campiani (2001), para acontecer a capacitação das pessoas envolvidas como os professores, devem ser incorporados conceitos e metodologias novas que sejam de encontro com a realidade, transformando-os em críticos atuantes diante das situações socioambientais, influenciando nas mudanças de atitudes dos aprendizes. O poder público através do MEC, de Secretarias de Educação através de capacitações, e o ensino dos cidadãos por meio do exercício da cidadania, deve ser constante.
Na prática pedagógica é necessário que sejam eliminadas as barreiras entre as disciplinas, como também as que existe entre os profissionais da educação, para que aconteça a transversalidade.
            A parte pedagógica no geral, todas as disciplinas tem que trabalhar juntas, pois é uns dos instrumentos essenciais a ser usado, como ponto emergencial, pois a conduta inadequada do ser humano é uns dos motivos de desequilíbrios ecológicos, impulsionadas por apelos consumistas, seguindo o pensamento da sociedade capitalista, gerando desperdício, e ao uso descontrolado dos bens da natureza, a saber, os solos, as águas e as florestas (Carvalho, 2006).
Acreditando na possibilidade de mudança de condutas e valores no intuito de formar pessoas através da disseminação de suas convicções, a transformando em cidadãos que trabalharão por uma nova maneira de relacionar-se com o mundo e seus recursos Naturais e também com as outras pessoas (Schike, 1986).  Sendo assim, enfrentamos um momento de mudança de paradigma com relação à concepção de uso de recursos Naturais e convivência com o meio ambiente. A crise que vivenciamos pode ser considerada como uma crise de valores, o que tem gerado problemas sociais e ambientais das mais variadas proporções (Santos; Faria, 2004).
1.1 HISTORIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


O homem ouviu falar na destruição da fauna e da flora, poluição do ar pelas queimadas, poluição do solo, excesso de matéria orgânica e erosão, desde há dez mil anos antes de Cristo, pois a revolução agrícola já provocava impactos na natureza, desde que o homem começou a utilizar os recursos da natureza além do essencial. (Dias, 2004).
Segundo Braick (2007, p. 85), a sociedade europeia, no final do século XVII, passou por várias transformações. Surge, assim, o Iluminismo, que tinha como ideias básicas a liberdade e o progresso. Esse conjunto de ideias contraria uma classe em ascensão: a burguesia, que sai vencedora ao derrotar o mercantilismo, o estado absolutista e solidifica uma nova ordem: o capitalismo. Com a Revolução Industrial, a principal marca do capitalismo, que veio modificar o sistema de produção com a ideia de aumento do lucro, promoveu também o aumento da poluição do ar, dos rios, do solo, sendo o ponto de partida para toda a problemática vivenciada nos dias de hoje.
Segundo Carvalho (2006) a Educação Ambiental é concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e má distribuição do acesso aos recursos naturais e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas.
O encontro de Belgrado, em 1975, reuniu especialistas de 65 países e gerando a Carta de Belgrado, objetivando uma nova ética planetária para a erradicação da pobreza, analfabetismo, fome, poluição, exploração e dominação humana e sugeriu também a criação de um Programa Mundial de Educação Ambiental. Pedrini, (1997).
Uma das conferências mais marcantes da história do EA foi a Conferencia de Tbilisi em 1977, em sua declaração constam os objetivos, funções, estratégias, características, princípios e recomendações para o Educação Ambiental. No decorrer dos anos foram realizados diversos eventos ligados a Educação Ambiental como a Conferencia de Moscou, a Conferencia do Rio de Janeiro, cujo surgiram tratados importantes e vigentes até os dias atuais.
Mas é principalmente nas décadas de 80 e 90, com o avanço da consciência ambiental, a educação ambiental cresce e se torna mais conhecida. (Carvalho, 2006). 
Ao longo dos três últimos séculos, o malefício que o capitalismo trouxe para o meio ambiente era justificado pela possibilidade do progresso humano. As novas tecnologias permitiram avanços em várias áreas. No entanto, a partir da década de 1960, esse progresso começou a ser questionado (Braick, 2007).
De acordo com Leff (2006, p. 62):
 A problemática ambiental não é ideologicamente neutra nem é alheia a interesses econômicos e sociais. Sua gênese dá-se num processo histórico dominado pela expansão do modo de produção capitalista, pelos padrões tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica a curto prazo, numa ordem econômica mundial marcada pela desigualdade entre nações e classes sociais. Este processo gerou, assim, efeitos econômicos, ecológicos e culturais desiguais sobre diferentes regiões, populações, classes e grupos sociais, bem como perspectivas diferenciadas de análises.


           

         Em 1965, na Inglaterra, durante a Conferência de Educação da Universidade de Keele, falou-se pela primeira vez em Educação Ambiental, sendo a principal discussão a que está deveria ser a educação para a sociedade, construindo em todas as pessoas a consciência crítica para a solução dos problemas catastróficos que ocorriam já naquela época. Para Dias (2004, p. 78), os participantes do evento ainda definiam Educação Ambiental como: “Conservação ou ecologia aplicada, e o veículo seria a Biologia”. Nesse mesmo ano, Albert Schweitzer, um dos lutadores pela ética ambiental, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
O Conselho para Educação Ambiental, foi criado em três anos mais tarde, em 1968, no qual mais de cinquenta organizações participaram, com temas relevantes relacionados à educação e ao meio ambiente. Além disso, pelo menos mais seis países europeus (Dinamarca, Finlândia, França, Islândia, Noruega e Suécia) discutiram a respeito da iniciação da educação ambiental no currículo escolar (Guimarães, 1995).
No plano internacional, a educação ambiental começa a ser objeto de discussão das políticas públicas, Em 1972, em Estocolmo na Suécia, aconteceu à primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, que adotou, mediante a Declaração de Estocolmo, um conjunto de princípios para o manejo ecologicamente racional do meio ambiente, reuniram vários países inclusive o Brasil para discutirem o tema Meio Ambiente Humano, pois passaram a se preocupar com o crescimento desordenado de cidades, bem como, a poluição dos bens globais água, ar e oceanos e o bem estar dos povos de todo o mundo.
 Em Estocolmo, foi lançado um desafio, sendo necessário um esforço internacional para ser definido o conceito da Educaçao Ambiental, sendo realizado em encontros sub-regionais, regionais, nacionais e internacionais sucessivos, gerando documentos que estabeleceriam seus objetivos, princípios, finalidades e recomendações (Dias, 2004).
“O Plano de Ação da Conferência de Estocolmo recomendou a capacitação de professores e o desenvolvimento de novos métodos e recurso instrucionais para a Educação Ambiental”. (Pedrini, 1997).
A Educação Ambiental efetivou-se como uma preocupação no âmbito da educação formal há mais ou menos duas décadas. A emergência da crise ambiental como uma preocupação específica da educação foi precedida de uma certa “ecologização sociedades”. Worster apud Grun (2004) aponta como marco simbólico do início da ecologização das sociedades ocidentais o ano de 1945, pois a partir de 06 de agosto de 1945 o mundo não seria mais o mesmo. As bombas atômicas eram jogadas sobre as populações civis de Hiroshima e Nagasaki e o Homo Sapiens, essa espécie tardia surgida há pouco mais de um milhão e meio de anos, havia conquistado o poder de destruição total de si próprio e de todas as demais espécies sobre a face da terra. Os seres humanos adquirem, então, a autoconsciência da possibilidade de destruição completa do Planeta. A bomba plantava as primeiras sementes do ambientalismo contemporâneo e entrava-se na idade “ecológica”.
Na Conferência Mundial do Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia, onde o grande tema em discussão foi a poluição ocasionada principalmente pelas indústrias. O Brasil e a Índia, que viviam na época “milagres econômicos”, defenderam a idéia de que “a poluição é o preço que se paga pelo progresso”. Segundo o mestre Reigota (2004) a delegação brasileira chegou a afirmar que o Brasil não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental, desde que o resultado fosse o aumento do seu Produto Interno Bruto.
Com essa posição oficial, Brasil e Índia abriram as portas para a instalação de indústrias multinacionais poluidoras, impedidas ou com dificuldades de continuarem operando nas mesmas condições que operavam em seus respectivos países. O Brasil, assim como a Índia, sofreria graves consequências. O exemplo clássico é Cubatão, onde, devido à grande concentração de poluição química, crianças nascem acéfalas.
Na Conferência de Estocolmo o objetivo estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade para preservação e melhoria do ambiente humano e a Educação Ambiental ganha o status de assunto oficial e uma resolução importante foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Pode-se considerar que aí surge o que se convencionou chamar de Educação Ambiental. Segundo a Conferência de Estocolmo, a Educação Ambiental tem uma importância estratégica na busca pela qualidade de vida.
Em Tibilisi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, realizou-se o primeiro Congresso
Mundial de Educação Ambiental, que se constituiu num marco histórico para a evolução da Educação Ambiental e tem sido apontada como um dos eventos decisivos nos rumos que a Educação Ambiental vem tomando em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Tratava-se de referência internacional para o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental, visto que as orientações da Conferência de Tibilisi reunidas no “livro azul”, como ficou conhecida a publicação, representa importante fonte de consultas para subsidiar as pessoas envolvidas em Educação Ambiental.
Nos vinte anos que separam as conferências mundiais de Estocolmo e do Rio de janeiro, houve uma considerável mudança na concepção de meio ambiente. Na primeira pensava-se basicamente na relação homem e natureza; na segunda, o enfoque é pautado pela ideia de desenvolvimento econômico. Tomou-se consciência de que a natureza desconhece fronteiras, de que o meio ambiente é um bem que pertence a todos os povos de todos os tempos. Um impacto ambiental pode ser praticado em um determinado lugar e repercutir em outra região, em tempo futuro, uma vez que os fenômenos naturais desconhecem fronteiras temporais, territoriais e políticas.
A Conferência do Rio, Rio 92 ou ECO 92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi um marco divisor na história do Direito Ambiental, por popularizar conhecimentos. O termo desenvolvimento sustentável, além de esclarecido seu significado, tornou claro que o desenvolvimento econômico das atuais gerações deve acontecer de forma que não venha a prejudicar as gerações futuras.
A evolução do conceito de Educação Ambiental foi agregando a cada encontro, na Rio-92, ela já foi definida como uma educação crítica da realidade, cujos objetivos são: fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretizando-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres e de se converter, portanto, em ator corresponsável na defesa da qualidade de vida; estabelecer uma educação que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal (na escola) e não formal (fora da escola).  (Dias, 2004).
Seguindo assim, a ideia de Carvalho (2006), a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social, capaz de transformar valores e atitudes, construindo novos hábitos e conhecimentos, defendendo uma nova ética, que sensibiliza e conscientiza na formação da relação integrada do ser humano, da sociedade e da natureza, aspirando ao equilíbrio local e global, como forma de melhorar a qualidade de todos os níveis de vida.
Uma economia sustentável pode continuar a se desenvolver, mas com algumas adaptações e através de melhorias no conhecimento, na organização, na eficiência técnica e na sabedoria, pois o desenvolvimento não pode ser feito a qualquer preço e, muito menos, comprometendo o espaço e os recursos das cidades e dos campos.
 Em 2002, é realizado em Johanesburgo (África do Sul) o Encontro Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável para avaliar as metas atingidas após a Rio-92. Esse evento ficou conhecido como Rio+10. Representantes dos países pobres e ricos estiveram presentes à Conferência, a fim de discutirem sobre questões importantes para o futuro do planeta. Para Sato (2002), os resultados foram desanimadores; pouco se avançou em relação aos objetivos traçados no Rio de Janeiro. Depois de duas semanas de negociações, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) terminou sem plano algum para salvar o planeta e com acordos tidos por ONG’s como "vergonhosos".
[...] Se há dez anos atrás tínhamos um capítulo somente para a educação (capítulo 36) e transversalizada em todos os demais, hoje ela aparece timidamente em alguns itens relacionados com a dimensão social. Aliás, observaríamos que a palavra “educação” a quinta mais citada na agenda 21, tem pouca ressonância no interior dos debates atuais, vindo pasteurizada nas proposições das novas agendas, da proteção dos sistemas Naturais, da informação ambiental, da prosperidade, das políticas ecológicas e da equidade social (SATO, 2002). Enquanto os chefes de Estado presentes à cúpula pediam em seus discursos metas e prazos para a implementação da Agenda 21, seus negociadores produziam um plano de ação sugerindo justamente o contrário: não assumir compromissos muito definidos a longo prazo (Carvalho, 2006).

É de extrema importância que os cidadãos do mundo insistam para que se tomem medidas de apoio a um tipo de crescimento econômico que não tenha repercussões nocivas sobre a população, que não deteriore de nenhum modo seu meio nem as suas condições de vida. A Educação Ambiental é o instrumento principal no sentido de atingir o objetivo maior, que é a sustentabilidade, e passa a ser vista não mais como um fim em si mesma, mas um meio para se atingir o desenvolvimento sustentável em todos os setores de atividades, e o importante é que a preocupação da sociedade com os direitos civis, políticos e sociais, a busca por qualidade de vida, bem-estar social e respeito aos limites dos recursos naturais existentes, vem crescendo com os anos.



Referência bibliográfica.
ANDRADE, Débora Barros. A Educação Ambiental na Instituição de Ensino Público. Dissertação do Mestrado (Dissertação em Educação) – UNISAL. Asunción-Paraguai. 2015.



Nenhum comentário:

Postar um comentário