EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1. CONCEITO
A Educação Ambiental segundo Carvalho (2006, p. 71), “é
considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a
prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má
distribuição do acesso aos recursos Naturais, assim como ao seu esgotamento, e
envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas”.
O tema Educação Ambiental é
muito discutido atualmente porque a sociedade sabe da necessidade de uma
melhoria do mundo em que vivemos, pois é facilmente notado que estamos
regredindo cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, nos
deixando levar por nossas obrigações diárias. Nosso tempo nos parece cada vez
mais curto porque temos cada vez mais compromissos (Guedes, 2006).
Recentemente é possível observar uma melhora na
conscientização de todos, principalmente dos órgãos públicos com a fiscalização
para a diminuição de poluentes emitidos, pois com o crescimento da população
mundial, aumenta também o número de poluidores caso não sejam orientados da
maneira certa. (Yus, 2002).
Conforme destacam os Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs (Brasil, 1997a, p. 25):
[...] Eleger a
cidadania como eixo vertebrado da educação escolar implica colocar-se
explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles
princípios, comprometendo-se com as perspectivas e as decisões que os
favoreçam. Isto refere-se a valores, mas também a conhecimentos que permitam
desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. Uma
pergunta deve ser então respondida: as áreas convencionais classicamente
ministradas pela escola, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História
e Geografia, não são suficientes para alcançar esse fim? A resposta é negativa.
A questão central está
relacionada à complexidade do que se entende por transversalidade e como se dá
tal procedimento. Campiani (2001, p. 52) afirma que ainda é pouco clara a
definição do conceito de transversalidade, suas implantações nas práticas pedagógicas
precisam ser elucidadas.
Seguindo o pensamento de
Campiani (2001), para acontecer a capacitação das pessoas envolvidas como os
professores, devem ser incorporados conceitos e metodologias novas que sejam de
encontro com a realidade, transformando-os em críticos atuantes diante das
situações socioambientais, influenciando nas mudanças de atitudes dos
aprendizes. O poder público através do MEC, de Secretarias de Educação através
de capacitações, e o ensino dos cidadãos por meio do exercício da cidadania,
deve ser constante.
Na prática pedagógica é
necessário que sejam eliminadas as barreiras entre as disciplinas, como também
as que existe entre os profissionais da educação, para que aconteça a
transversalidade.
A parte pedagógica no geral, todas as disciplinas tem que
trabalhar juntas, pois é uns dos instrumentos essenciais a ser usado, como
ponto emergencial, pois a conduta inadequada do ser humano é uns dos motivos de
desequilíbrios ecológicos, impulsionadas por apelos consumistas, seguindo o
pensamento da sociedade capitalista, gerando desperdício, e ao uso
descontrolado dos bens da natureza, a saber, os solos, as águas e as florestas
(Carvalho, 2006).
Acreditando na possibilidade
de mudança de condutas e valores no intuito de formar pessoas através da
disseminação de suas convicções, a transformando em cidadãos que trabalharão por
uma nova maneira de relacionar-se com o mundo e seus recursos Naturais e também
com as outras pessoas (Schike, 1986). Sendo
assim, enfrentamos um momento de mudança de paradigma com relação à concepção
de uso de recursos Naturais e convivência com o meio ambiente. A crise que
vivenciamos pode ser considerada como uma crise de valores, o que tem gerado
problemas sociais e ambientais das mais variadas proporções (Santos; Faria,
2004).
1.1 HISTORIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O homem ouviu falar na
destruição da fauna e da flora, poluição do ar pelas queimadas, poluição do
solo, excesso de matéria orgânica e erosão, desde há dez mil anos antes de
Cristo, pois a revolução agrícola já provocava impactos na natureza, desde que
o homem começou a utilizar os recursos da natureza além do essencial. (Dias,
2004).
Segundo Braick (2007, p.
85), a sociedade europeia, no final do século XVII, passou por várias
transformações. Surge, assim, o Iluminismo, que tinha como ideias básicas a
liberdade e o progresso. Esse conjunto de ideias contraria uma classe em
ascensão: a burguesia, que sai vencedora ao derrotar o mercantilismo, o estado
absolutista e solidifica uma nova ordem: o capitalismo. Com a Revolução
Industrial, a principal marca do capitalismo, que veio modificar o sistema de
produção com a ideia de aumento do lucro, promoveu também o aumento da poluição
do ar, dos rios, do solo, sendo o ponto de partida para toda a problemática
vivenciada nos dias de hoje.
Segundo Carvalho (2006) a Educação
Ambiental é concebida inicialmente como preocupação dos movimentos ecológicos
com a prática de conscientização capaz de chamar a atenção para a finitude e má
distribuição do acesso aos recursos naturais e envolver os cidadãos em ações
sociais ambientalmente apropriadas.
O encontro de Belgrado, em 1975, reuniu
especialistas de 65 países e gerando a Carta de Belgrado, objetivando uma nova
ética planetária para a erradicação da pobreza, analfabetismo, fome, poluição,
exploração e dominação humana e sugeriu também a criação de um Programa Mundial
de Educação Ambiental. Pedrini, (1997).
Uma das conferências mais marcantes da
história do EA foi a Conferencia de Tbilisi em 1977, em sua declaração constam
os objetivos, funções, estratégias, características, princípios e recomendações
para o Educação Ambiental. No decorrer dos anos foram realizados diversos
eventos ligados a Educação Ambiental como a Conferencia de Moscou, a
Conferencia do Rio de Janeiro, cujo surgiram tratados importantes e vigentes
até os dias atuais.
Mas é principalmente nas décadas de 80 e
90, com o avanço da consciência ambiental, a educação ambiental cresce e se
torna mais conhecida. (Carvalho, 2006).
Ao longo dos três últimos
séculos, o malefício que o capitalismo trouxe para o meio ambiente era
justificado pela possibilidade do progresso humano. As novas tecnologias
permitiram avanços em várias áreas. No entanto, a partir da década de 1960,
esse progresso começou a ser questionado (Braick, 2007).
De acordo com Leff (2006, p.
62):
A problemática ambiental não é ideologicamente
neutra nem é alheia a interesses econômicos e sociais. Sua gênese dá-se num
processo histórico dominado pela expansão do modo de produção capitalista,
pelos padrões tecnológicos gerados por uma racionalidade econômica a curto
prazo, numa ordem econômica mundial marcada pela desigualdade entre nações e
classes sociais. Este processo gerou, assim, efeitos econômicos, ecológicos e
culturais desiguais sobre diferentes regiões, populações, classes e grupos
sociais, bem como perspectivas diferenciadas de análises.
Em 1965, na Inglaterra, durante a
Conferência de Educação da Universidade de Keele, falou-se pela primeira vez em
Educação Ambiental, sendo a principal discussão a que está deveria ser a
educação para a sociedade, construindo em todas as pessoas a consciência crítica
para a solução dos problemas catastróficos que ocorriam já naquela época. Para
Dias (2004, p. 78), os participantes do evento ainda definiam Educação
Ambiental como: “Conservação ou ecologia aplicada, e o veículo seria a
Biologia”. Nesse mesmo ano, Albert Schweitzer, um dos lutadores pela ética
ambiental, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
O Conselho para Educação
Ambiental, foi criado em três anos mais tarde, em 1968, no qual mais de
cinquenta organizações participaram, com temas relevantes relacionados à
educação e ao meio ambiente. Além disso, pelo menos mais seis países europeus
(Dinamarca, Finlândia, França, Islândia, Noruega e Suécia) discutiram a
respeito da iniciação da educação ambiental no currículo escolar (Guimarães,
1995).
No plano internacional, a educação
ambiental começa a ser objeto de discussão das políticas públicas, Em 1972, em
Estocolmo na Suécia, aconteceu à primeira Conferência Mundial das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente Humano, que adotou, mediante a Declaração de Estocolmo, um
conjunto de princípios para o manejo ecologicamente racional do meio ambiente,
reuniram vários países inclusive o Brasil para discutirem o tema Meio Ambiente
Humano, pois passaram a se preocupar com o crescimento desordenado de cidades,
bem como, a poluição dos bens globais água, ar e oceanos e o bem estar dos
povos de todo o mundo.
Em Estocolmo, foi lançado um desafio, sendo
necessário um esforço internacional para ser definido o conceito da Educaçao
Ambiental, sendo realizado em encontros sub-regionais, regionais, nacionais e
internacionais sucessivos, gerando documentos que estabeleceriam seus
objetivos, princípios, finalidades e recomendações (Dias, 2004).
“O Plano de Ação da Conferência de
Estocolmo recomendou a capacitação de professores e o desenvolvimento de novos
métodos e recurso instrucionais para a Educação Ambiental”. (Pedrini, 1997).
A Educação
Ambiental efetivou-se como uma preocupação no âmbito da educação formal há mais
ou menos duas décadas. A emergência da crise ambiental como uma preocupação
específica da educação foi precedida de uma certa “ecologização sociedades”.
Worster apud Grun (2004) aponta como marco simbólico do início da
ecologização das sociedades ocidentais o ano de 1945, pois a partir de 06 de
agosto de 1945 o mundo não seria mais o mesmo. As bombas atômicas eram jogadas
sobre as populações civis de Hiroshima e Nagasaki e o Homo Sapiens, essa
espécie tardia surgida há pouco mais de um milhão e meio de anos, havia
conquistado o poder de destruição total de si próprio e de todas as demais
espécies sobre a face da terra. Os seres humanos adquirem, então, a autoconsciência
da possibilidade de destruição completa do Planeta. A bomba plantava as
primeiras sementes do ambientalismo contemporâneo e entrava-se na idade
“ecológica”.
Na Conferência
Mundial do Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia, onde o grande tema em
discussão foi a poluição ocasionada principalmente pelas indústrias. O Brasil e
a Índia, que viviam na época “milagres econômicos”, defenderam a idéia de que
“a poluição é o preço que se paga pelo progresso”. Segundo o mestre Reigota
(2004) a delegação brasileira chegou a afirmar que o Brasil não se importaria
em pagar o preço da degradação ambiental, desde que o resultado fosse o aumento
do seu Produto Interno Bruto.
Com essa
posição oficial, Brasil e Índia abriram as portas para a instalação de indústrias
multinacionais poluidoras, impedidas ou com dificuldades de continuarem
operando nas mesmas condições que operavam em seus respectivos países. O
Brasil, assim como a Índia, sofreria graves consequências. O exemplo clássico é
Cubatão, onde, devido à grande concentração de poluição química, crianças
nascem acéfalas.
Na Conferência
de Estocolmo o objetivo estabelecer uma visão global e princípios comuns que
servissem de inspiração e orientação à humanidade para preservação e melhoria
do ambiente humano e a Educação Ambiental ganha o status de assunto
oficial e uma resolução importante foi a de que se deve educar o cidadão para a
solução dos problemas ambientais. Pode-se considerar que aí surge o que se
convencionou chamar de Educação Ambiental. Segundo a Conferência de Estocolmo,
a Educação Ambiental tem uma importância estratégica na busca pela qualidade de
vida.
Em Tibilisi,
na Geórgia (ex-URSS), em 1977, realizou-se o primeiro Congresso
Mundial de Educação Ambiental, que se
constituiu num marco histórico para a evolução da Educação Ambiental e tem sido
apontada como um dos eventos decisivos nos rumos que a Educação Ambiental vem
tomando em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Tratava-se de
referência internacional para o desenvolvimento de atividades de Educação
Ambiental, visto que as orientações da Conferência de Tibilisi reunidas no
“livro azul”, como ficou conhecida a publicação, representa importante fonte de
consultas para subsidiar as pessoas envolvidas em Educação Ambiental.
Nos vinte
anos que separam as conferências mundiais de Estocolmo e do Rio de janeiro,
houve uma considerável mudança na concepção de meio ambiente. Na primeira
pensava-se basicamente na relação homem e natureza; na segunda, o enfoque é
pautado pela ideia de desenvolvimento econômico. Tomou-se consciência de que a
natureza desconhece fronteiras, de que o meio ambiente é um bem que pertence a
todos os povos de todos os tempos. Um impacto ambiental pode ser praticado em
um determinado lugar e repercutir em outra região, em tempo futuro, uma vez que
os fenômenos naturais desconhecem fronteiras temporais, territoriais e
políticas.
A Conferência
do Rio, Rio 92 ou ECO 92, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi um marco divisor na história do
Direito Ambiental, por popularizar conhecimentos. O termo desenvolvimento
sustentável, além de esclarecido seu significado, tornou claro que o
desenvolvimento econômico das atuais gerações deve acontecer de forma que não
venha a prejudicar as gerações futuras.
A evolução do conceito de Educação
Ambiental foi agregando a cada encontro, na Rio-92, ela já foi definida como uma
educação crítica da realidade, cujos objetivos são: fortalecimento da cidadania
para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretizando-se
pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres e de se
converter, portanto, em ator corresponsável na defesa da qualidade de vida;
estabelecer uma educação que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal
(na escola) e não formal (fora da escola).
(Dias, 2004).
Seguindo assim, a ideia de
Carvalho (2006), a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político
voltado para a transformação social, capaz de transformar valores e atitudes,
construindo novos hábitos e conhecimentos, defendendo uma nova ética, que
sensibiliza e conscientiza na formação da relação integrada do ser humano, da
sociedade e da natureza, aspirando ao equilíbrio local e global, como forma de
melhorar a qualidade de todos os níveis de vida.
Uma economia
sustentável pode continuar a se desenvolver, mas com algumas adaptações e
através de melhorias no conhecimento, na organização, na eficiência técnica e
na sabedoria, pois o desenvolvimento não pode ser feito a qualquer preço e,
muito menos, comprometendo o espaço e os recursos das cidades e dos campos.
Em 2002, é realizado em Johanesburgo (África
do Sul) o Encontro Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável para avaliar as
metas atingidas após a Rio-92. Esse evento ficou conhecido como Rio+10.
Representantes dos países pobres e ricos estiveram presentes à Conferência, a
fim de discutirem sobre questões importantes para o futuro do planeta. Para
Sato (2002), os resultados foram desanimadores; pouco se avançou em relação aos
objetivos traçados no Rio de Janeiro. Depois de duas semanas de negociações, a
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) terminou sem plano
algum para salvar o planeta e com acordos tidos por ONG’s como
"vergonhosos".
[...]
Se há dez anos atrás tínhamos um capítulo somente para a educação (capítulo 36)
e transversalizada em todos os demais, hoje ela aparece timidamente em alguns
itens relacionados com a dimensão social. Aliás, observaríamos que a palavra
“educação” a quinta mais citada na agenda 21, tem pouca ressonância no interior
dos debates atuais, vindo pasteurizada nas proposições das novas agendas, da
proteção dos sistemas Naturais, da informação ambiental, da prosperidade, das
políticas ecológicas e da equidade social (SATO, 2002). Enquanto os chefes de
Estado presentes à cúpula pediam em seus discursos metas e prazos para a
implementação da Agenda 21, seus negociadores produziam um plano de ação
sugerindo justamente o contrário: não assumir compromissos muito definidos a
longo prazo (Carvalho, 2006).
É de extrema
importância que os cidadãos do mundo insistam para que se tomem medidas de
apoio a um tipo de crescimento econômico que não tenha repercussões nocivas
sobre a população, que não deteriore de nenhum modo seu meio nem as suas
condições de vida. A Educação Ambiental é o instrumento principal no sentido de
atingir o objetivo maior, que é a sustentabilidade, e passa a ser vista não
mais como um fim em si mesma, mas um meio para se atingir o desenvolvimento
sustentável em todos os setores de atividades, e o importante é que a preocupação
da sociedade com os direitos civis, políticos e sociais, a busca por qualidade
de vida, bem-estar social e respeito aos limites dos recursos naturais
existentes, vem crescendo com os anos.
Referência bibliográfica.
ANDRADE, Débora Barros. A
Educação Ambiental na Instituição de Ensino Público. Dissertação do Mestrado (Dissertação em Educação) – UNISAL.
Asunción-Paraguai. 2015.