sexta-feira, 10 de agosto de 2018

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica, artigo de Débora Barros Andrade

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica
*Débora Barros Andrade
Resumo:
O presente artigo é parte da dissertação do Mestrado em educação, que reflete a importância de trabalhar Educação Ambiental na instituição de ensino. Aborda-se a necessidade emergencial de programas de formação continuada para docentes, no intuito de valorizar e melhorar a prática desses profissionais, de modo que venha a refletir no processo de ensino-aprendizagem. A instituição de Ensino é o lugar mais apropriado para a inclusão das práticas educacionais essenciais ao meio ambiente. Uma das performances mais respeitáveis da escola é sua força de alcance e modificação em relação a conceitos da comunidade em que está inserida. Nessa totalidade é na temática ambiental que a escola oferece um impacto significativo na coletividade, através do trabalho dos profissionais em educação, em função da abertura de caminhos de difusão com os alunos, que permitam reflexões sobre o papel destes como cidadãos em relação ao meio ambiente. O mister do professor é a responsabilidade de acordar o aluno para o bom senso de descobrir dentro de si a autoconfiança e a potencialidade para o exercício de sua cidadania, desencadeando posturas e atuações mediante as dificuldades socioambientais. Nesse sentido, a E.A e a Formação Docente têm papel preponderante, tanto em relação às propostas contidas no Projeto Político Pedagógico quanto em políticas públicas e conhecimentos inerentes à temática, na releitura, no repensar das atitudes de ordem e valores individuais, coletivas e, consequentemente, na sensibilização e aprendizagem de novas atitudes diante do nosso planeta.
  1. Introdução
Desde o início da sociedade, mesmo em diferentes épocas, o ser humano busca acumular riquezas, utilizando todos os recursos da natureza, mesmo sendo esses recursos limitados e, portanto, estarem acabando. Para mudar essa situação, o homem percebeu a necessidade de repensar seu modelo de crescimento econômico e desenvolvimento social. Para tanto, criou leis que geram multas e prisão se não seguidas. Contudo, estas medidas não foram suficientes e, por conta disso, decidiu associar o processo educativo para conceber pessoas conscientes de seus deveres e direitos coletivos. Por isso, é indispensável que a Educação Ambiental faça parte dos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas e que seja abordada como um tema transversal.
O tema desse estudo – “Educação Ambiental” – foi escolhido com o intuito de verificar se esta discussão está ocorrendo com os alunos, na prática, ou se continua só na teoria dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN.
Nos programas pedagógicos, a Educação Ambiental, teoricamente, é tema transversal, porém, na prática, a abordagem dessa temática não ocorre. Falta apoio pedagógico e, muitas vezes, formação continuada para o professor nessa área, e isso não pode acontecer, porque as futuras gerações precisam usufruir desse benefício num ambiente natural o qual as rodeia.
A Educação Ambiental, segundo Carvalho (2006, p. 71)
[…] é considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos Recursos Naturais, assim como ao seu esgotamento, e envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas.
O tema Educação Ambiental é muito discutido atualmente, porque a sociedade sabe da necessidade de uma melhoria do mundo em que vivemos, uma vez que se constata facilmente que estamos regredindo cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, deixando-nos levar por nossas obrigações diárias. Nosso tempo nos parece cada vez mais curto, porque temos cada vez mais compromissos (GUEDES, 2006).
Recentemente é possível observar uma melhora na conscientização de todos, principalmente dos órgãos públicos, com a fiscalização para a diminuição de poluentes emitidos, pois, com o crescimento da população mundial, aumenta também o número de poluidores caso não sejam orientados da maneira certa. (YUS, 2002).
Conforme destacam os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1997a, p. 25):
Eleger a cidadania como eixo vertebrado da educação escolar implica colocar-se explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e as decisões que os favoreçam. Isto refere-se a valores, mas também a conhecimentos que permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. Uma pergunta deve ser então respondida: as áreas convencionais classicamente ministradas pela escola, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, não são suficientes para alcançar esse fim? A resposta é negativa.
A questão central está relacionada à complexidade do que se entende por transversalidade e como se dá tal procedimento. Campiani (2001) afirma que ainda é pouco clara a definição do conceito de transversalidade, suas implantações nas práticas pedagógicas precisam ser elucidadas.
Seguindo o pensamento de Campiani (2001), para acontecer a capacitação das pessoas envolvidas, como os professores, devem ser incorporados conceitos e metodologias novas que venham ao encontro da realidade, transformando-os em críticos atuantes diante das situações socioambientais, influenciando nas mudanças de atitudes dos aprendizes. O poder público, por meio do MEC e de Secretarias de Educação, deve promover formações continuadas, bem como o ensino dos cidadãos, por meio do exercício da cidadania, deve ser constante.
Na prática pedagógica, é necessário que sejam eliminadas as barreiras entre as disciplinas, como também as que existem entre os profissionais da educação, para que aconteça a transversalidade.
A conduta inadequada do ser humano é um dos motivos de desequilíbrios ecológicos, impulsionada por apelos consumistas, seguindo o pensamento da sociedade capitalista, gerando desperdício e o uso descontrolado dos bens da natureza, a saber, os solos, as águas e as florestas. Por conta disso, na parte pedagógica, no geral, todas as disciplinas devem trabalhar em conjunto, o que é um dos instrumentos essenciais a ser usado, como ponto emergencial, para combater esses desequilíbrios (CARVALHO, 2006).
Deve-se acreditar na possibilidade de mudança de condutas e valores no intuito de formar pessoas através da disseminação de suas convicções, transformando-as em cidadãos que trabalharão por uma nova maneira de relacionar-se com o mundo e seus recursos naturais e com as outras pessoas (SCHIKE, 1986).
Sendo assim, enfrentamos um momento de mudança de paradigma com relação à concepção de uso de recursos naturais e convivência com o meio ambiente. A que vivenciamos pode ser considerada como uma crise de valores, o que tem gerado problemas sociais e ambientais das mais variadas proporções (SANTOS; FARIA, 2004).
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Para acessar o artigo, na íntegra, no formato PDF, clique no link 180810Educação Ambiental e formação docente
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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Débora Barros. A Educação Ambiental na Instituição de Ensino Público. Dissertação do Mestrado (Dissertação em Educação) – UNISAL. Assunção-PY, 2015.
ALVARENGA, Estelbina Miranda de. Metodologia da Investigação Quantitativa e Qualitativa. Versão em Português: Cesar Amarilhas, 2014. Assunção – PY.
BRAICK, Patrícia Ramos. História das cavernas ao terceiro milênio. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2007.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB Lei n.9.394/96. Brasília: DF, MEC/SEF, 1996.
BRASIL. Lei n. 9795 – 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares. Secretar ia de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF/SEES, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. (1997b). A implantação da educação ambiental no Brasil: meio ambiente e saúde. Brasília, DF.
CAMPIANI, M. C. (2001). Os temas transversais na educação. São Paulo: Códex.
CAMPIANI, Maximiano César. Os temas transversais na educação. São Paulo: Códex, 2001.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2004.
CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2006.
CURRIE, K. L. Meio ambiente, interdisciplinaridade na prática. Campinas, Papirus, 1998.
DIAS, Genebaldo. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9.ed. São Paulo: Gaia, 2004. FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 3ª ed. São Paulo; Gaia, 1992.
DIAS, G. F. Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental. 2.ed. São Paulo: Gaia, 2006. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2010.
GUEDES, José Carlos de Souza. Educação ambiental nas escolas de ensino fundamental: estudo de caso. Garanhuns: Ed. do autor, 2006.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. 5.ed. Campinas: Papirus,1995.
KINDELL, Eunice Aita Isaia; FABIANO, Weber da Silva; MICAELA, Yanina. Educação Ambiental: Vários Olhares e Várias Práticas. 2ª ed. Curitiba-PR. Mediação, 2006.
LEFF, Enrique. Saber ambiental. Sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Ed. Vozes. PNUMA. Petrópolis, 2001.
MEIRELLES, Maria de Sousa; SANTOS, Marly Terezinha. Educação Ambiental uma Construção Participativa. 2ª ed. São Paulo, 2005.
PEDRINI, Alenxandre de Gusmão (Org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. Petrópolis: vozes, 1997.
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2004.
SANTOS, Edna Maria dos; FARIA, Lia Ciomar Macedo de. O educador e o olhar antropológico. Fórum Crítico da Educação: Revista do ISEP/Programa de Mestrado em Ciências Pedagógicas. v. 3, n. 1, out. 2004. Disponível em: <http://www.isep.com.br/FORUM5.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018.
SCHINKE, Gert. Ecologia política. Santa Maria: Tchê!, 1986. WALDMAN, Maurício. Meio ambiente & antropologia. São Paulo: Senac, 2006.
YUS, R. Educação integral: uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2002.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/08/2018
"EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DOCENTE: Ressignificação da Prática Pedagógica, artigo de Débora Barros Andrade," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 10/08/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/08/10/educacao-ambiental-e-formacao-docente-ressignificacao-da-pratica-pedagogica-artigo-de-debora-barros-andrade/.

domingo, 5 de agosto de 2018

EDUCAÇÃO DO CAMPO E SUSTENTABILIDADE : DIVERSAS INTERPRETAÇÕES E PERSPECTIVAS

EDUCAÇÃO DO CAMPO E SUSTENTABILIDADE : DIVERSAS INTERPRETAÇÕES E PERSPECTIVAS
Débora Barros Andrade¹
Giovanna Freire de Oliveira Lima²
Há tempos existe uma movimentação nas áreas rurais brasileira, onde os povos das comunidades lutam por uma educação de qualidade, que respeite sua terra, seu modo de viver, sua cultura e suas tradições. A luta dessa conquista ainda não alcançada de fato, se dá por conta das ações apenas copiadas da área urbana para as comunidades que possuem seu tempo e espaço próprio, específico do campo.
Esse processo negativo e histórico, o qual insiste em acompanhar quem vive no meio rural, iniciou-se nos tempos da República com o ilusório progresso de libertação a partir da escolarização, que ocorria apenas na área urbana e para as classes mais altas. No Império, a educação continuava a evoluir abrangendo agora as classes menos favorecidas que viviam nas cidades. Porém, a educação do campo continuava estagnada, sem qualidade, sem infraestrutura e sem condição nenhuma de funcionamento.
No período da revolução industrial ocorreu o aumento do êxodo rural, a população rural ganhou um olhar para que a educação fosse realizada como cópia da urbana com o intuito de fixar esse homem no campo e reduzir o inchaço nas cidades por conta da produção industrial que crescia na época. Percebe-se que a educação oferecida era apenas para que o homem permanecesse no campo. A ordem e o progresso escrito na bandeira brasileira e declamada ao vento, servia apenas para o homem privilegiado dos centros urbanos, com acesso às melhores escolas e com professores capacitados, usufruindo de material didático e de formações voltadas para o interesse industrial.
Nesse tempo, a escola tinha a função de minimizar a miséria do centro urbano, ensinando que o homem do campo poderia usufruir da escola sem ter que ir para a cidade. Por isso, não era dada um real valor, pois acreditavam que o homem do campo não tinha necessidade de ler e escrever e sua escolarização poderia ser oferecida e realizada de qualquer maneira, sem as mínimas condições, com uma desconexão da realidade vivida.
Atualmente, ainda acompanhamos essa marca viva na história dos sujeitos que permanecem e sobrevivem no campo. Uma educação descontextualizada com a realidade, com metodologias copiadas silenciosamente. Mas, qual papel o professor assume ao realizar uma cópia silenciosa do meio urbano, autor ou mero espectador? Existe uma reflexão em suas ações no chão da escola? O que tem sido feito enquanto política pública para solucionar problemas educacionais dos sujeitos do campo?
  1. ESCOLA DO CAMPO
A escola, lugar de transformação e de grande valor através da relação entre comunidade-professor-aluno, deveria ser a primeira a acompanhar essa transformação e organizar-se com um currículo que contemple a identidade do grupo inserido no processo. Porém, o que vemos é uma escola em caminhos divergentes por conta das ações de professores que ensinam da maneira como aprenderam na cidade, pois este mesmo docente não foi preparado para atuar nas escolas do campo. Não teve uma formação inicial em educação do campo e geralmente as formações continuadas oferecidas não alcançam o objetivo proposto nas políticas da educação do campo. Esse profissional deve perceber que a educação realizada nesse meio deve ser no e do campo e não para o campo.
Todavia, o professor carrega consigo a culpa de não ter sido preparado para atuar no campo, já que as metodologias e atividades foram pensadas para a estrutura e alunos das escolas da área urbana. As políticas públicas, quase nunca obedecidas ou conhecidas no dia a dia, são executadas como deveriam porque o currículo deveria ser o espelho dessas ações, mas o que continuamos a ver é o fazer realizado distorcidamente e em um futuro próximo reconhecer que as ações não devem ser isoladas, pois uma escola não existe sem o contexto.
A partir das mudanças de concepções e de atitudes, poderemos prever a possibilidade de transformação das marcas deixadas pelo passado, com perspectivas de mudança, pois apesar dessa árdua caminhada o professor possui uma postura reflexiva e busca sempre inovar através de práticas que trabalhem a interação e cooperação entre o grupo.
Atualmente, as mudanças se dão por conta dos avanços das novas tecnologias nos diversos setores, mas refletindo sobre os avanços na área de educação, sempre nos questionamos se a educação está acompanhando esses avanços. A passos lentos podemos dizer que sim, pois em se tratando de educação do campo vemos a luta das políticas públicas serem cumpridas como a insistente discussão das Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Campo e a LDB 9394/96 em que no seu artigo 28 incisos I,II e III tratam sob conteúdos, calendários e especificidades da educação do campo.
Os avanços nas áreas rurais a passos lentos para as pessoas que permanecem no campo é retrato de luta e de resistência, pois o capitalismo com seus argumentos sempre subordinou o campo à cidade, sempre tentou mostrar que o melhor estava na área urbana e que o campo sempre seria um atraso.
Surge então, o MST lutando por direitos e deveres a serem cumpridos para os povos do campo, fortalecendo uma escola que respeite as especificidades e necessidades desses sujeitos. Sendo que três referências subsidiam esse projeto, quais sejam: a pedagogia socialista que considera o trabalho como atividade que constrói o homem, a cultura e as relações sociais de produção; a pedagogia do oprimido, como expressão da educação popular e a pedagogia do movimento. (MOURÃO e BORGES,2016, p.198).
  1. O PROFESSOR DO CAMPO: AUTOR DE VÁRIAS OBRAS
O professor que atua no campo, possui a figura de um pesquisador, pois como já citamos no texto, ele não teve uma base de estudos sobre o campo, então é levado a partir de sua experiência a buscar metodologias que se adapte ao contexto específico do campo para que haja de fato a articulação entre a teoria e a prática resultando em um trabalho positivo e diferenciado.
O professor tem que ser autor de sua prática e o currículo tem ser diferenciado para impactar na organização do trabalho pedagógico, assim como a identidade do professor do campo tem que ser valorizada para que esse reconhecimento resulte em estratégias próprias para sua escola e suas atitudes transformadoras apontando uma nova postura em suas ações. Ele deve conhecer sua realidade para trazer para o cotidiano de sua prática os saberes construídos historicamente pela comunidade na qual está inserido. (MOURÃO e BORGES, 2016,p.207)
Deve também respeitar o tempo de cada aluno, pois “inúmeras redes e escolas das cidades e dos campos têm avançado para organizar os currículos, tempos e espaços, o trabalho do mestre e educandos, respeitando os tempos humanos, mentais culturais, éticos, socializadores, indenitários, corpóreos dos educandos (ROCHA e HAGE, 2010, p.12).
  1. EDUCAÇÃO DO CAMPO E SUSTENTABILIDADE: DESAFIOS A VENCER.
Os acendimentos da batalha por uma educação do campo surgem num situação em que, dentro do modo capitalístico de produção, principalmente nos últimos 30 anos, a agricultura comercial brasileira passou por muitas transformações, nas quais o agronegócio deu um salto significativo principalmente na concentração do poder, incorporação de novas tecnologias e utilização de recursos vindos do governo.
As lutas sociais pela ampliação, acesso, permanência e direito a esses recursos, são fortalecidas quando se compreende uma educação do campo voltada para o fortalecimento de um projeto popular que valorize e transforme a agricultura familiar, integrando comunidades assentadas e pequenos agricultores, não somente no desenvolvimento econômico, mas também no social e ambiental. Esse tem sido o maior problema, trocam-se os governos e não há a concretização de um modelo de educação voltado para o campo, que, na prática, possa ser desenvolvido nas comunidades de assentados ou mesmo em localidades rurais e ribeirinhos, enfatizando ainda que este processo de educação cooperaria no fortalecimento dessas comunidades que procuram a reprodução de suas culturas tradicionais.
A Educação do Campo nasce, em seguida, das experiências camponesas de resistência em seus territórios..
Entende-se que a compreensão dos fenômenos educativos, articulada com projetos de desenvolvimento local (rural) sustentável, pode ser importante instrumento de análise das reais situações de como as comunidades do campo estão e podem desenvolver o seu trabalho e concretizar as suas ações de trabalho digno e solidário.
De tal modo, é importante ter a valorização do espaço local que apresenta projetos de articulação entre desenvolvimento sustentável e educação do campo. O resgate das experiências locais, como fator principal na condução dos processos educacionais nas escolas, deve ser destacado como ponto interessante. Cada lugar constrói possibilidades de aprendizado, espaços culturais e valores comuns.
Diante dessa contextualização da educação ambiental e da educação campo, podemos começar a refletir sobre o problema que envolve a nossa relação com a natureza ,visto que estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve nomear o seu destino, cultivando uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a diversidade da vidaAssim, a escola tem um papel importantíssimo nesse processo de sensibilização. É uma oportunidade de se criar um movimento no cotidiano de inserção crítica dos educandos/educador.
É um desafio que se coloca para, ao entender a realidade, procurarmos enfrentar os problemas transformando a realidade e a nós reciprocamente. Uma Prática participativa e problematizadora, que se estabelece no cotidiano, tem como seu ponto de partida a realidade local contextualizada numa perspectiva mais ampla.
Faz-se necessário uma prática refletida para se fazer diferente e mudar a realidade. Construção de uma nova visão de mundo / nova relação com o mundo deve ser recíproca e relacional. É mais que saber e sentir, é se transformar participando individual e coletivamente na transformação da realidade para a construção da sustentabilidade socioambiental.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOURÃO, Arminda Rachel Botelho; BORGES, Heloísa da Silva. Pensando a educação básica no campo amazônico. In: Políticas públicas e educação básica e desafios amazônicos/ Organização de Maria das Graças Sá Peixoto Pinheiro e Nádia Maciel Falcão.-Manaus:EDUA,2016.
ROCHA, Maria Izabel Antunes; HAGE, Salomão Mufarrej (organizadores). Escola de Direito: Reinventando a escola multisseriada. Belo Horizonte: Autêntica Editora.201o .
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¹ Doutoranda em Educação pela Unisal.
Mestre  em  Ciências da Educação pela Unisal 
Bióloga com registro na classe CRBio08ª nº 105.263/08-D
Especialista em Educação Ambiental-Uniter/Ibpex.
Especialista em Docência do Ensino Superior -Uniaméricas-Ceará.
Especialista em Gestão Escolar – Progestão-Bahia;
Técnica em Secretária Escolar / IFBA-Jacobina.
Licenciada em Biologia FTC 
Licenciando em Química -ISEED FAVED.
Professora do Ensino Fundamental II,  e Superior da  Rede Pública e Privada.
Orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso-TCC
Supervisora de Estágio Supervisionado 
Palestrante.
² Formadora da educação do Campo e Indigena SEMED/AM.
Coordenadora de formação Educação do Campo e Indigena SEMED/AM.
– Mestra em Ciencias da Educação UNISAL.
– Doutoranda em Ciencias da Educação UNISAL.

in EcoDebate, 17/11/2016
"Educação do Campo e Sustentabilidade: Diversas Interpretações e Perspectivas, por Débora Barros Andrade e Giovanna Freire de Oliveira Lima," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/11/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/11/17/educacao-do-campo-e-sustentabilidade-diversas-interpretacoes-e-perspectivas-por-debora-barros-andrade-e-giovanna-freire-de-oliveira-lima/.